A dieta cetogênica foi desenvolvida em 1924 pelo Dr. Russell Wilder da Clínica Mayo. É uma dieta rica em gordura (60% a 75 %), fornece proteínas (20% a 30%) e é pobre em carboidratos (8% a 10%).
Proporção em porcentagem de carboidratos, proteínas e gorduras na dieta cetogênica comparado com uma dieta tradicional:
A dieta cetogênica simula o que ocorre naturalmente no organismo quando privado de alimento por longo período (jejum). Quando toda fonte de glicose (sangue e fígado) se esgota o corpo é forçado a buscar uma nova fonte de energia e esta fonte de energia é utilizada pelas células cardíacas, musculares e cerebrais.
Esta combinação de macronutrientes, altera a forma como a energia é utilizada no nosso organismo, pois a maior fonte de energia será pela gordura e não mais pela glicose. Quando diminui o consumo de glicose o organismo começa utilizar a gordura como fonte de energia e consequentemente o fígado passa a produzir corpos cetônicos através da mitocôndria pela enzima acetil-CoA quebrando assim a gordura e transformando em energia para o organismo. Os corpos cetônicos produzidos a partir da quebra da gordura são o Beta-hidroxibutirato (mais de 75%) é o principal fonte de corpos cetônicos. Esta ligada a formação de glutation, poderoso antioxidante endógeno e antiinflamatório e o Acetoacetato (menos de 25%) que tem também ação antiinflamatória, reduz o crescimento das células cancerosas e é responsável por previnir as convulsões, já a Acetona que representa a menor quantidade (aproximadamente 2%) é inflamatório, gera os mesmos sintomas de doenças virais como febre, vômitos e diarréia.
Os corpos cetônicos tem efeito no sistema nervoso central como supressor do apetite ajudando aqueles que possuem compulsão alimentar , agindo como fosse uma medicação supressora do apetite, Outro efeito da dieta cetogênica é a diminuição nos níveis de glicose e melhora a resistência à insulina ajudando no controle glicêmico do paciente diabético. Um estudo americano publicado em 2005 na revista Nutrition & Metabolism, selecionou 28 pacientes obesos e diabéticos tipo 2 por 16 semanas, estes pacientes foram colocados em dieta cetogênica com 20 g de carboidratos, foi demonstrado que a cada semana com a dieta se conseguiu fazer a redução da medicação anti-diabética. No estudo houve efeitos positivos sobre a perda de gordura, medida da cintura, diminuição dos triglicerídeos séricos e hemoglobina A1c, consequentemente melhora do controle glicêmico.
Um estudo feito pelo método Pronokal, empresa espanhola de alimentos, comparou a segurança e tolerabilidade da dieta de baixa caloria com a dieta proteinada em pacientes obesos diabéticos tipo 2, não dependentes insulínicos, com IMC (índice de massa corporal) entre 30 a 35, por um período de 4 meses. Os pacientes tratados com dieta proteinada perderam 3 x mais peso e 2 x mais circunferência da cintura. Ao final do estudo mostrou que a dieta proteinada apresenta maior segurança e tolerabilidade com perda de peso acentuada e obtendo maior controle glicêmico em pacientes diabéticos tipo 2.
Nas células tumorais a energia é retirada através da glicose por meio fermentado e anaeróbio (sem oxigênio). Estudos indicam que na ausência de glicose as células tumorais não conseguem utilizar a energia que precisam e tendem a morrer.
No vídeo Dr. Axe explica como é utilizada a dieta cetogênica:
Fonte de energia pela glicose e pela gordura na mitocôndria:
Dieta Cetogênica na Epilepsia:
Não há mais dúvidas de que a dieta cetogênica é eficaz na melhoria das crises convulsivas, especialmente em crianças. Após sua introdução em 1920, a dieta cetogênica foi usada como um tratamento para a epilepsia severa. Com a introdução de medicamentos anticonvulsivantes, o uso da dieta cetogênica foi esquecida, apenas para ressurgir no início dos anos 90, devido em grande parte aos esforços de pais preocupados que trouxeram a dieta de volta à maior conscientização pública. Nos últimos anos, assistiu-se a um notável aumento da investigação sobre a dieta cetogênica, incluindo os esforços científicos, bem como protocolos clínicos e ensaios clínicos. A dieta cetogênica tornou-se parte integrante do tratamento da maioria dos principais centros de epilepsia em todo o mundo.
Dieta Cetogênica na Doença de Alzheimer:
A doença de Alzheimer é uma desordem neurodegenerativa progressiva que atinge principalmente os idosos. Estudos demonstram que o consumo excessivo de carboidratos, gordura trans e gordura hidrogenada leva o aumento da formação da placa B amilóide(AB) e progressão da Doença de Alzheimer, um estudo realizado em 2000 e publicado por Kashiwaya e Veech na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos da America, demonstrou que uma dieta rica em gorduras saturadas e pobre em carboidratos pode reduzir em 25% os níveis da placa B amilóide (AB) e ativação do metabolismo da mitocôndria, portanto, a dieta cetogênica pode reduzir os níveis de placa B amilóide (AB) no paciente com Doença de Alzheimer, assim, há evidências crescentes de que a dieta cetogênica reduzem o estresse oxidativo cerebral e a neuroinflamação, desta forma, interferindo no mecanismo fisiopatológico da doença de Alzheimer.
Um relato de caso interessante foi da médica americana, Mary Newport, que apresentou o efeito do óleo de coco em combinação com TCM (triglicerídeos de cadeia média) melhorando a sintomatologia da doença de Alzheimer com reversão de alguns sintomas. Seu marido, Steve, iniciou ha doença há quase seis anos antes de começar a tomar óleo de coco. Os resultados foram imediatos e dramáticos. Antes de tomar óleo de coco, ele estava começando a entrar nos estágios graves da doença de Alzheimer. A associação da dieta cetogênica com TCM e a suplementação com óleo de coco melhorou drasticamente seu quadro.
Veja o vídeo abaixo como o óleo de coco tem efeito regenerativo sobre o cérebro devido à produção de cetonas através da repartição de TCM (triglicerídeos de cadeia média).
Dieta Cetogênica no Câncer:
No câncer, as células se desenvolvem em meio anaeróbio (sem oxigênio) e em condições ácidas necessitando de glicose através do processo de fermentação, devido sua rápida multiplicação celular necessitam de muita energia para seu crescimento, por isso são sensíveis à falta de energia para sua atividade metabólica, este mecanismo fisiopatológico foi descrito e pesquisado pelo bioquímico alemão Dr. Otto Warburg, seu trabalho foi uma tese de doutorado sendo laureado com Prêmio Nobel em 1931.
Trabalhos desenvolvido pelo cientista americano Seyfried ao longo da última década mostrou que os animais com tumores cerebrais produzidos experimentalmente e colocados em dieta cetogênica apresentam taxas de crescimento de tumores acentuadamente diminuídas e estes efeitos notáveis parecem ser uma consequência da restrição calórica (isto é, níveis reduzidos de glicose no sangue). Em outro estudo descobriu-se que o dieta cetogênica reduz a produção de ROS (espécie reativa do oxigênio pela respiração) e uma redução na expressão de genes que codificam a transdução de proteínas associadas a fatores de crescimento relacionados ao crescimento do tumoral.
Veja vídeo abaixo de Dr. D'Agostino professor assistente da Faculdade de Medicina, Farmacologia Molecular e Fisiologia da Universidade do Sul da Flórida, aonde desenvolveu terapias metabólicas, incluindo substratos de energia alternativa e agentes cetogênicos para distúrbios neurológicos, câncer e cicatrização de feridas. Ele desenvolveu uma abordagem para metabolizar as células cancerígenas através da dieta e do oxigênio comprimido, substituindo quimioterapia, cirurgia ou radiação.
Dieta Cetogênica no Diabetes:
A dieta cetogênica tem o potencial de diminuir os níveis de glicose no sangue. A diminuição da ingestão de carboidratos é frequentemente recomendado pelos médicos para pacientes com diabetes, para o controle de açúcar no sangue. Ao mudar o foco para a gordura, o paciente experimenta significativa redução de glicose no sangue comparado com a dieta anti-diabética tradicional. Estudos mostraram que a dieta cetogênica melhorou sgnificativamente o controle glicêmico em doentes com diabetes, de modo que os medicamentos para diabetes foram descontinuados ou reduzidos na grande maioria.
No entanto, todo diabético durante a dieta cetogênica deve certifique-se de testar os níveis de açúcar no sangue para se certificar de que eles estão dentro de sua faixa alvo. Além disso, considere testar os níveis de cetona para se certificar de não há em risco de cetoacitose diabética. A American Diabetes Association recomenda testes para cetonas se o seu nível de açúcar no sangue for superior a 240 mg / dl, o teste pode ser feito de maneira rápida na urina.
Resumo
A dieta cetogênica tem demonstrado efeito terapêutico em doenças como obesidade, epilepsia, diabetes e câncer, entretanto, ela não deve ser realizada sem indicação e acompanhamento do médico.
Para maiores informações sobre nutrologia e dieta cetogênica entre em contato pelos telefones para Clínica Higashi tel (21) 34398999 (Rio de Janeiro) ou (43)33238744 (Londrina).
Produzido por Educação e Pesquisa da Clínica Higashi.