A tontura é uma palavra com vários significados, dentre eles: sensação de atordoamento, flutuação, cabeça vazia, desmaio iminente e desequilíbrio. Já a vertigem é um tipo de tontura aonde a queixa é uma alteração da percepção do movimento como eu ou mundo girando , eu ou mundo balançando. A tontura representa 4% das visitas em pronto socorros e cerca de 40% das pessoas acima de 40 anos, em algum momento da vida, terão pelo menos um episódio de tontura, além desta queixa ser muito prevalente, está associada há muitas ideias equivocadas.
Veja 5 mitos sobre o assunto:
Mito 1: “Labirintite é um causa comum de tontura”. Isto é um equivoco, porque labirintite é uma doença rara ! Apesar de ser o termo mais usado para descrever um diagnóstico de tontura do tipo vertigem é uma das causas menos comuns, na verdade a labirintite é uma inflamação no labirinto normalmente causado por infecção que na maioria das vezes requer até mesmo antibiótico.
Mito 2: “Remédios para “labirintite não fazem mal”. Medicações para “labirintite” não são específicos para a etiologia do problema são supressores da atividade labiríntica e podem causar efeitos colaterais como ganho de peso, depressão e até mesmo parkinsonismo, por isso, devem ser utilizados com cautela.
Mito 3: “Vertigem é sintoma do labirinto e não tem nada a ver com cérebro”. Pelo contrário, na emergência hospitalar, 25% das queixas de vertigem, no final, acabam sendo por um acidente vascular cerebral (AVC). Se você tem 60 anos e fatores de risco para AVC, como por exemplo: pressão alta, diabetes , aumento do colesterol, etc.. , e sua vertigem esta iniciando de maneira rápida pela primeira vez de modo persistente e limitante para andar e ou levantar você precisa ser avaliado por um médico com urgência pela possiblidade de um AVC. Em situação oposta você é jovem não tem fatores de risco para AVC e sua vertigem é deflagrada somente ao movimento da cabeça com duração de segundos no máximo poucos minutos, o mais provável que você tenha uma patologia de menor gravidade como a Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB) que ocorre por um deslocamento de pequenos cristais dentro do sistema labiríntico em uma região chamada de canais semicirculares, neste caso, uma manobra chamada de Dix- Halpike, realizado dentro do consultório, reposiciona estes cristais e podem cessar os sintomas imediatamente.
Mito 4: “Preciso fazer uma tomografia da cabeça para saber se minha tontura é um AVC”. A tomografia de crânio normalmente é normal quando uma vertigem é causado por AVC pois a região relacionada a vertigem e AVC chamada de fossa posterior não é bem visualizada na tomografia, até mesmo uma Ressonância Magnética Cerebral pode não visualizar um AVC na região de fossa posterior nas primeiras 24-48 h, quando este AVC é menor que 1 cm. É imperativo um bom exame físico neurológico incluindo avaliação do nistagmo que são oscilações rítmicas , repetitivas e involuntárias dos olhos porque o exame físico neurológico indicando envolvimento cerebral pode indicar o tratamento precoce.
Mito 5: “Minha tontura é crônica e não tem jeito”. Isto não é verdade. Mesmo uma tontura crônica quando descoberta a etiologia tem solução. Um tipo comum de tontura crônica é a tontura perceptual postural persistente que normalmente é causada pela ansiedade crônica, e quando se trata a ansiedade, a pessoa melhora, podemos citar outros exemplos como a tontura causada por deficiência de vitaminas, neste caso se houver a suplementação adequada, a tontura vai embora.
Em resumo, na maioria dos casos, a tontura surge como uma sensação leve e breve e não acarreta nenhuma limitação da mobilidade, é recomendado que sejam observado se os episódios são recorrentes, mas sua sua tontura é do tipo vertigem persistente, limitante e ainda mais se você tem fatores de risco para AVC , procure logo o médico para fazer o diagnóstico e tratamento correto.
Autor: Dr. Rafael Higashi, médico (74345-3) , mestre em medicina, neurologista (RQE:13728) e nutrólogo ( RQE: 19627). Diretor médico da Clínica Higashi.